sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O mito da polivalência em comunicação

Dizem que houve um tempo em que o profissional deveria deter conhecimento aprofundado sobre uma determinada área. Isso deve ter durado um tempinho de nada, pois, hoje, é necessário saber de tudo um pouco. Como já dizia a música “Baby” de Caetano Veloso: “Você precisa/ Saber da piscina/ Da margarina / Da Carolina / Da gasolina” (Ouça a música)

Na área de assessoria de comunicação (comunicação empresarial, em sentido mais amplo), “saber tudo um pouco” pode ir muito além do próprio talento.

A princípio, o assessor de imprensa (nem era de “comunicação”) precisava apenas escrever bem, conhecer o funcionamento da imprensa e mandar releases nos formatos e horas certos. Bons tempos... Agora, em uma assessoria de comunicação que se preze, a quantidade de produtos/ produções vai muito além do que se imagina (e do que o assessor tem capacidade técnica, às vezes, para fazer).

A comunicação integrada, que pretende promover a ação conjunta de, pelo menos, um jornalista, um relações públicas e um publicitário, demonstra que todo o trabalho deve ser direcionado para o “mix”, difundido em maior escala no Brasil pela relações públicas Margarida Kunsch. O tal “mix” envolve as seguintes áreas de comunicação de uma empresa: a institucional, a mercadológica, interna e administrativa.

Isso parece difícil na teoria. Mas é bem pior na prática. O assessor tem que entender de mercado, concorrência, clientes, design, estética, imprensa, opinião pública, clima organizacional, stakeholders (público-alvo), avanços tecnológicos (saber pelo menos como iniciar um programa virtual novo), publicidade, fotografia, cerimonial e etc etc etc.

São tantas preocupações que o básico (informação e imagem da organização)acaba sendo relegado para um subplano. E também pudera! Na minha microrrealidade, os setores de comunicação nas organizações contam com pouquíssimos profissionais. E é uma sorte imensa ter em uma mesma equipe um jornalista e um relações públicas. E mais sorte ainda (quase ganhar na loteria), ter um profissional que domine o “básico”.

Acredito que improviso deva ser restrito aos amadores. No entanto, como não improvisar quando o profissional é obrigado, pela necessidade de fazer, a executar um trabalho de comunicação ligado à outra área? Afinal, uma coisa é ter noções básicas sobre áreas complementares, outra é ter que fazer o trabalho de um profissional co-irmão.

Daí que: ou os trabalhos emperram e nada é feito ou os assessorados precisam perceber que a equipe deve ser ampliada, bem como as parcerias com “freelancers” ou o assessor se mete a besta e produz algo que não domina só para ser “polivalente” e fazer a vontade (sempre urgente-urgentíssima)do assessorado.

É necessário prezar por uma assessoria de comunicação eficiente, mas nunca irresponsável e sobrecarregada...

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